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Na diáspora, como eu.

por aquimetem, Falar disto e daquilo, em 10.07.10

           Para falar com franqueza,  do  autor de Intimidades "Estados d'Alma", do Nelson T. Silvanão tenho dados biográficos que me permitam realçar o seu verdadeiro estatuto de conterrâneo meu, e como eu defensor de corpo e alma do nosso torrão que tem no Monte Farinha, nas Fisgas e no Tâmega a chancela que no panorama paisagístico de Portugal distingue as terras de Basto ou de Santa Senhorinha. Mas mediante a apreciação atenta que fiz desta colectânea de poemas seus, em 116 páginas derramados, deu-me para formar do autor uma imagem que suponho aproximada do seu perfil: social, espiritual e artístico; e  que vou tentar em síntese retratar aqui, e assim prestar homenagem a um poeta meu conterrâneo que desde já alcunho de "António Nobre",  de Basto", por ver na sua poesia uma semelhança nostálgica com a do portuense autor do SÓ.   

          Para me ajudar nesta tarefa conto em primeiro lugar com a colaboração de outro já consagrado poeta transmontano, o Nelson Vilela, que no seu prefácio à obra deixa comentado: " Parto do título: INTIMIDADES - do latim - Intimus - superlativo absoluto sintético de interno - interior - íntimo, adjectivo aqui substantivado. Intimo o que está dentro, no mais fundo do ser - a raiz de tudo, de todos os sentimentos e, portanto, à primeira vista, aí devia tudo ficar, mas não, este recinto reservado, mantido em segredo, salta, por necessidade de partilha, cá para fora, para o outro que se torna detentor do segredo; daí falar-se de pessoa intima, merecedora dos seus sentimentos, intimidades - intimidades que levam o leitor ao conhecimento dos estados de alma do poeta : anseios, alegrias, tristezas, crenças, natureza e Deus em toda a  dimensão do seu acto criador. É nesta amplitude de situações que emerge e se dimensiona a temática poética de Nelson Teixeira da Silva".

         Também do "Ginho, poeta e prosador mondinense de craveira, com diversos títulos publicados, fui recolher, na página 9 de "Estados d'Alma", os dados de que me sirvo e divulgo:" O Nelson gosta de escrever lá no alto, lá em cima - em divina contemplação. Na Bouça, quando a lua cheia parece  querer engolir o Toumilo Celta, ou aos pés daquela mulher de pedra que chora com Seu Filho no colo. Aos pés de Nossa Senhora da Piedade, por quem o Nelson tem uma grande devoção e com quem partilha, diariamente, uma grande cumplicidade. E então as suas estrofes cheiram a tojo e a rosmaninho e são tão frescas que conseguem saciar a gente como se estivéssemos a beber na Fonte do Eirô dos romeiros, ou na enfeitiçada Fonte do Barrio, que acorrentava a Mondim quem beijasse a sua boca. 

          O Nelson é um marido apaixonado, um pai babado e um escritor inspirado. Fez, comigo, animação e fez cultura, fez comigo, musica e fez teatro e canta, ao meu lado, no Coro de São Cristóvão de Mondim, já lá vão trinta e tal anos. Conto com ele, ao meu lado, para interpretar as mais difíceis partituras da minha vida. Agora, conto com ele como poeta. Como vocês podem contar".

          Para formatar  a "foto descritiva", a dedicatória do Nelson é um mimo de ternura que em nossos dias constitui um modelo de vida matrimonial a  ser apontado, ora reparem: " Á minha mulher Filomena, principio de todas as coisas, causa e origem destas e de outras mais sublimes criações -  os meus filhos Teté e Nelsinho. É deles e para eles, também, este livro pequenino.  Não fui capaz de mais. Mais mereciam". - As obras não valem pelo seu tamanho, mas pelo conteúdo e o amor com  que  o artista as apronta. Ora pelo que acabei de ler, o autor de Intimidades "Estados d'Alma" é desses, faz parte dessa  plêiade de eleitos que na antiga Grécia tinham o deus Apolo por protector. Os meus parabéns.

          Li a eito, para assim chegar seguro do Sofrimento....ao Outeiro. Detive-me com religiosa ternura a ler: Para ti, Mensagem, Visão do Sul, Procissão,  O FadoCartão de visitaNossa Senhora da Lapa e todo o restante desfilar de intimidades que discretamente o Nelson Teixeira da Silva com arte e harmonia em verso desenhou. À pessoa amiga que pelo correio me  fez chegar à mão esta valiosa jóia literária os meus sinceros agradecimentos, ao artista que tão bem a lapidou, só espero e  faço votos lhe sirva de lenitivo e o desperte para outras futuras produções. De modo a que  mais tarde  não venha também depois dizer aos mondinenses que "Mais mereciam"... quando sabemos ele querer dizer: merecem. E muito mais aqueles  que na diáspora, como  eu.          

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publicado às 12:04


23 comentários

De Anónimo a 15.07.2010 às 15:51

NOSTALGIA

Vê se vês como eu vejo o pôr do sol;
se sentes como eu sinto o entardecer;
como escuto, enternecido, o rouxinol
que, junto ao rio , na cascata, vem morrer!

Saboreia a doce calma do crepúsculo
e a chegada, de mansinho, do luar...
e, das aves, o gorjeio, já minúsculo,
no voo tateado, ao regressar...

Inspira este odor, intenso, a pinho;
anda...vem daí, põe-te a caminho
que é breve o tempo que passamos por aqui...

Toma-lhe o gosto; acaricia este cantinho;
sorve-lhe o cheiro a urze, a mel, a vinho!...
Cibo de chão...qual enclave, em que nasci!

In Intimidades Estados d`Alma

De aquimetem, Falar disto e daquilo a 15.07.2010 às 19:31

Não há comentário melhor a fazer do que este, a uma obra toda ela um convite à paz e harmonia das coisas e dos seres.

De Anónimo a 21.07.2010 às 14:43

A UM AMIGO

Sinto-te a voz embargada;
sinto triste o teu falar...
e os teus olhos molhados,
ainda que abertos, fechados,
olham sem querer olhar.

Os sentidos, esses pensam
no que não devem pensar...
tens o mar à tua frente,
a bolina to consente,
vem daí, vem navegar.

Faz-te ao vento, bate a asa...
tu também sabes voar!
Não te escondas nas palavras,
tens, nos caminhos que lavras,
sonhos que deves sonhar!

Vi-te assim no paredão;
os pés na areia da praia;
entre mãos o violão
num bolero, uma canção
ao sol que ao longe desmaia.

Dá-te à vida, vem viver!
Vem amigo, por aqui!...
Estás na vida, vem vivê-la!
Vem chegando a tua estrela,
Há muito espera por ti!

NELSON TEIXEIRA DA SILVA

De aquimetem, Falar disto e daquilo a 23.07.2010 às 15:51

É mais uma prova do ser e sentir do verdadeiro poeta. Um abraço para quem também o sabe interpretar e valorizar. Eu nisto sou um mero observador, mas também um admirador atento.

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