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Derribador de azeitona

por aquimetem, Falar disto e daquilo, em 31.10.10

          Aqui há uns 50 anos atrás nem um fruto de oliveira se perdia. Mal as azeitonas começavam a pintar de negro e a cair ao chão logo os pais encarregavam os filhos de levar consigo uma qualquer vasilha para enquanto guardavam o gado fossem apanhando a azeitona do chão, quer chovesse, quer estivesse frio de rachar. 

          Recordo-me de que mais tarde, quando cheguei a Lisboa, ao ouvir as pessoas queixarem-se do preço a que  pagavam o litro do azeite, na mercearia, pensando no quanto sofri na terra a apanhar azeitona e a carregar com ela dos olivais para casa, dizia cá para comigo: o azeite não tem preço!

          Já lá vão mais de 60 anos que tudo isso aconteceu, e desde essa altura até ao passado dia 23 de Outubro jamais voltei a mexer em azeitona que não fosse já curtida ou em azeite transformada. Calhou agora, depois de a titulo de brincadeira ter ofertado os frutos das oliveiras do meu quintal ao Arménio "Sarradela" que ele aceitou, e mobilizada toda a família e amigos, numa manhã a entrar pela tarde adentro deixou-me as oliveiras prontas para outra colheita. Amigos, amigos; negócios à parte; se quis ganhar o almoço tive que também ripar à mão.  

          O vídeo mostra como acabou o forte da tarefa, mas também o pessoal que ficou à volta de uma oliveira para assim justificar o almoço que o Arménio e a Madalena ofereceu aos trabalhadores de garfo e azeitona   

          Até os cães da casa devem ter ficado espantados de me ver ali armado em derribador de azeitona

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publicado às 23:33


Entrar no Tâmega

por aquimetem, Falar disto e daquilo, em 22.10.10

          Há muitos anos que não fazia o trajecto que de Vilar de Ferreiros pela encosta da serra de Ordens e da granítica Alvadia conduz ao planalto do verdadeiro Alvão. Pelo Covelo, simpática aldeia da freguesia de São Salvador do Bilhó, deixei o concelho de Mondim de Basto para entrar, por Macieira, no de Ribeira de Pena.

          Macieira é uma airosa povoação  da freguesia de São João Baptista de Limões, e como as demais aldeias da  freguesia apostada na protecção do seu harmonioso e rico património tradicional.   

          Já depois de Macieira, ainda na meia encosta da serra de Ordens,  esta panorâmica com o Monte Farinha lá ao longe, como pano de fundo, é admirável !

          Assim como esta, recolhida no mesmo sítio, a caminho de Alvadia, mostrando ao fundo os encantos do vale do Tâmega, e também do Póio que o  Louredo engole antes de chegar à sua foz.

          Todo o trajecto de Macieira a Alvadia oferece uma espectacular panorâmica desta zona de transição entre Trás-os-Montes e Minho e que  o  Tâmega a partir de Ribeira de Pena, oposta a Cabeceiras de Basto (Minho), até Mondim, oposto a Celorico de Basto (Minho) delimita administrativamente. 

          Também no terreno a paisagem forte do granito seduz e o encanto aumenta quando nos aproximamos do fraguedo por onde  ligeiras correm as águas cristalinas do rio Póio. Rio que nasce na serra de Alvadia ( área  de Lamas) e descendo monte abaixo vai ao fundo da vila de Cerva desaguar no rio Louredo que o conduz ao Tâmega.   

          Pese o desvio que fizeram de uma parte do caudal para um reservatório donde entubada a água desce pela encosta, fazendo lá no fundo mover uma pequena turbina - eléctrica que não sei se ainda  funciona, o Póio nem assim perdeu a sua importância hidrográfica que no Cai d'Alto e Poço do Inferno, já em terreno de Cerva, tem o seu expoente máximo.

         É uma referência, um  selo de mais valia para o turismo de montanha que Alvadia deve explorar. É algo similar às Fisgas de Ermelo, com a diferença da rocha num sítio ser de xisto e noutro de granito.  

 

        O objectivo do passeio era só matar saudades da serra que há muitos anos trilhei. A ultima vez foi no inicio da década de 50, de Vilar de Ferreiros a Goivães da Serra, quando ainda não havia estrada, nem luz eléctrica. O que então demorou quase um dia a percorrer, hoje faz-se em  pouco mais duma hora. Isto a medir pelo tempo que demorou a chegar junto à igreja paroquial de Santa Cruz de Alvadia: saímos de Vilarinho cerca das 10h00 e depois de várias paragens pelo caminho, não era ainda meio dia e já ali nos encontrávamos.

         Alvadia é uma freguesia do concelho de Ribeira de Pena, formada por três lugares: Alvadia, Favais e Lamas.  

          Um dos propositos que vinha em agenda era almoçar aqui, para isso atempadamente se escolheu o prato e marcou a hora. Outro era cumprimentar um ilustre alvadiense que muito respeitamos, o Sr. Padre Fernando José da Costa, tio dilecto dos proprietários do Café-restaurante onde se almoçou. A saúde do bom sacerdote não lhe permitiu fazer-nos companhia, mas em sua casa recebeu o nosso abraço. Para os donos do Café, D. Maria dos Anjos e Norberto Costa os meus parabéns pela arte de bem receber e servir.       

         Pela "ponte dos Rolos", com destino a Goivães, deixamos a sede da freguesia, aproveitando para  junto à sua ponte tirar algumas fotos e assim nos despedirmos em beleza do Póio (não Poio) e da bucólica aldeia de  Alvadia. Local muito procurado por banhistas de perto e longe que no Verão aqui se vêm refrescar, e no Inverno também pelos amantes dos desportos radicais, a canoagem, dado as boas condições à prática que o rio em certos pontos oferece. Além de alguns banhistas  tivemos ocasião de admirar as muitas e curiosas "piocas" ou "marmitas de gingante" que na rocha granítica as águas do Póio ao longo dos séculos cavaram  no  leito do rio. Vale a pena ver.    

          Muitos são, aqui à volta, espaços como este, azados para tempos de  lazer e distracção aquática. E nós só não aproveitamos  porque a jornada era comprida e ainda só ia a meio... Pela mesma razão ficou por visitar Favais, com a sua capelinha de Santa Luzia e a  famosa "Pedra de  Favais"; assim como Lamas, a maior aldeia da freguesia e que tem Nossa Senhora dos Remédios por padroeira. Não visitei Lamas, mas entretanto ao passar na estrada ao lado parei, para dali saudar a aldeia que a pé e descalço há muitos anos atravessei. 

          A meta agora era Goivães da Serra, onde pela decadente aldeia do Pinduradouro, entrei na freguesia.   

          São Jorge de Goivães da Serra é uma freguesia do concelho de  Vila Pouca de Aguiar situada na serra do Alvão, a 10 km a sudoeste da sede do concelho. Inclui os seguintes lugares: Goivães, Pinduradouro e Povoação.    

          Alcançada a meta desejada, nada como depois de cumprimentar São Jorge ter este cão-pastor por anfitrião, a fazer-me relembrar os tempos em que durante cerca de um mês nesta terra fui pastor. E com  dois companheiros semelhantes a este por mais que uma vez afugentamos o lobo ibérico que esfomeado teimava atacar as 220 reses (ovelhas e cabras) que me estavam  confiadas.

          Foi uma romagem de saudade ao centro  do verdadeiro Alvão que cedo pisei e conheci. Regressando mais enriquecido e confortado com a beleza natural que esta incursão pela montanha me proporcionou. 

          Por Santa Marta da Montanha deixei o concelho de Vila Pouca de Aguiar para voltar ao de Ribeira de Pena, e após um café na vila descer ao lugar de Agunchos (Cerva), para dali ver, lá ao fundo, o Louredo a entrar no Tâmega.     

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publicado às 00:22


Por terras maronesas

por aquimetem, Falar disto e daquilo, em 06.10.10

          Há muito tempo que não visitava Travassos, esta aldeia do Bilhó que o rio Cabril ou Mestas rega. Voltei a fazê-lo no inicio de Agosto, aproveitando uma deslocação de Vilar de Ferreiros a Vila Real  (via Lamas de Olo) para assim mais uma vez matar saudades dos meus tempos de criança em que, com frequência, a pé ou ao colo de minha saudosa mãe  percorria os cantos dessa simpática aldeia da montanha maronense e na hospitaleira casa da também já saudosa  Ti Ninfa de Travassos me demorava a brincar.

                          Poça de Travassos

           Fiquei encantado com o seu património arquitectónico devidamente restaurado, e em adequados cartazes identificado. Um placar no desvio, em  Celas, a recomendar aos turistas que para entrar em Travassos de autocarro só indo à volta pela aldeia do Covelo, ficava ali muito bem, pois é sabido que pelo lado de Celas só lá se chega em carro ligeiro. Fica a recomendação.

           Depois da visita à capela de Santa Bárbara e  do passeio pelo centro da turística aldeia, foi o regresso de volta à estrada principal para prosseguir em direcção a São Cristóvão de Parada de Cunhos, onde desta vez nem oportunidade tive de cumprimentar o famoso numismata de craveira internacional, Sr. Padre João Parente, pároco da freguesia. O propósito nesse dia era ajudar a dar cabo de um leitão que "caçado" na  Régua, veio ainda muito quentinho parar a casa da minha mana Amália, pelas mãos do meu cunhado Reis e do enfermeiro Rui a quem coube a tarefa de com mestria o retalhar. Foi um almoço familiar que além do mais valeu pelo convívio e ocasião para uma "africana" alfacinha regressada de Angola conhecer as primas Isabel e a Liliana, esposa do Mário P. Cabral. 

           Aqui se deu cabo do leitão e dos molhos de videira....

           Para o café e digestivos da ordem, que nestes momentos de animação fazem parte do cardápio, foi escolhida a vizinha Quinta de São Miguel, cuja sua antiga capela, hoje fechada ao culto, pertence a D. Dinora Guedes Lousa, proprietária do restaurante Toca do Lobo.     

          Tendo o evento ocorrido em maré de incêndios florestais as conversas nessas ocasiões rondam todas á volta desse assunto. No vídeo pode apreciar-se uma dessas facetas à mesa da esplanada da Toca do Lobo. Também, como o Manuel Reis, eu pergunto: Porquê?   

          "Merenda comida, companhia desfeita", diz o povo. Também assim aconteceu comigo. Era sábado e no domingo, dia 8, havia festa em Vilar de Ferreiros (Vilarinho) à qual eu desejava assistir; por isso não houve ceia ou jantar para mim, em Parada. Mas de regresso ao ponto de partida tive tempo para em Lamas de Olo dar uma saltada a Dornelas, povoação do planalto maronês (Parque Nacional do Alvão) onde a pesar de algumas violações arquitectónicas ainda se vêem muitas casas de pedra com telhados de colmo. É uma das aldeias do Parque que o Parque bem pudia ajudar a melhorar mais em termos de aproveitamento turístico.    

 

Capela de Nossa Senhora dos Remédios

          Desta aldeia serrana pouco sei da sua história passada, por isso me sirvo de um comentário do Dr. Domingos Teixeira Mesias feito no "Portugal,  minha terra"  em 18 de Setembro. de 2007 a um post que fiiz à volta de Mons. Ângelo Minhava. Conta o Dr. Domingos: "Queria trazer aqui a informação doutro ilustre conterrâneo do senhor Padre ("pai") Monsenhor Thomás Peixoto foi ordenado pela Diocese de Braga e na sua casa paroquial nasceu em 889, a minha bisavó materna. Patrocinia Dias Peixoto. Esta instruída senhora deixou memória de vida e descendência numerosa em Dornelas, Lamas d'Olo"

          No vale do Olo, onde o granito abunda e as águas que  regam e fertilizam os lameiros também, tanto o gado maronês, como o mular, burros e cavalos,  tem ali espaço privilegiado. Nesse cenário a aldeia de Dornelas é um bom exemplo do uso dessas potencialidades naturais evidenciado na construção da casa e na tradicional exploração agro-pastoril.    

          Os telhados de colmo (palha de centeio) ainda hoje podem ser admirados em Dornelas  

          Um espaço de plantação e sementeira agrícola tendo por fundo uma imagem da construção urbana de Dornelas

          Aqui duas turistas detêm-se a fotografar um asno, que agora pachorrentamente se deixa fotografar depois do susto  que ainda na véspera deve ter apanhado com  o terrível incêndio florestal que rondando a aldeia queimou grande parte da montanha.  Os sinais são bem visíveis na foto e no terreno ainda vi sinais de fogo vivo.  

          De regresso e já no concelho de Mondim foi a vez da  Anta, o desvio até ao centro da aldeia é curto, poucos metros. Desci até lá para ver a capelinha de São Jorge que Camilo connheceu, e cita em Doze Casamentos Felizes, servindo-se para tal da boca do "Ladrão da Anta": " - Já sabe que a minha aldeia é Anta, na serra, a duas léguas de Vila Real. À saída do povo está uma capela e num outeirinho, à esquerda,  está um cardenho. Vive lá a minha irmã Maria".  Romance é romance, mas quer em Memórias do Cárcere, quer em Doze Casamentos Felizes, Camilo revela que esteve na Anta, assim: " A Anta é um paraíso terreal onde os lobos passam pelos habitantes e os habitantes passam  pelos lobos, como nós pelos cãezinhos de regaço.

          Lá estive eu no dia 20 de Agosto de 1860,  comendo a meias com o  meu cavalo  um vintém de pão negro que um lavrador me  vendeu compadecido , por  me ver a fome  estampada no rosto e o cavalo arqueado e melancólico como  chorão de cemitério." 

          O tanque duma aldeia histórica e... integrada no Parque Nacional do Alvão

          O fontenário publico da mesma aldeia integrada no dito Parque  

          E a dita capela que Camilo cita e conheceu. A capelinha de São Jorge. Sinais de antigas tradições e culturas!  

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publicado às 12:11


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